"E repelir como inútil tudo o que não contribuísse para a alegria imediata do coração, porque tinha um temperamento mais sentimental que artístico, procurando emoções e não paisagens..."

Catorze

sexta-feira, junho 14, 2013 21:11

Às vezes eu não entendo. Realmente não entendo. Não entendo toda essa intensidade que você é. Como se não fosse caber em mim, sabe? Mas eu gosto. Gosto de não precisar entender nada. Porque são tantas as racionalidades que a gente procura ao longo da vida. São tantas as justificativas que a gente mesmo elabora para as atitudes, para as sensações, numa tentativa de facilitar...
O fato é que gosto de não entender a gente. E será que com todo casal é assim?
Gosto de não entender como você consegue ficar insuportável de tão marrenta, com as frases típicas de quando você se irrita, e ao mesmo tempo, consegue ser a mesma pessoa que se encolhe toda pra caber no meu abraço quando a gente dorme. E que é tão, mas tão, doce e tão linda...
Gosto de não entender o quanto somos tão independentes, com todas as nossas responsabilidades e cartões de crédito e como, queremos, procuramos, caçamos nos dias os minutinhos em que podemos nos desligar do resto do planeta para nos sintonizarmos nos nossos carinhos e dizermos, na sequencia bem clichê: eu-preciso-de-você.
Gosto de não saber mais contabilizar o tempo quando estamos juntos. E é tão mesquinho o jogo que o relógio faz com a gente. As horas se arrastam durante o trabalho, aulas... E  voam nos nossos encontros.
Gosto de não entender como duas pessoas que estavam no mesmo corredor todas as noites, demoraram tanto pra se encontrar. De como duas pessoas tantas com histórias não-românticas se renderiam a esse sentimento. De como tudo, tudo pode mudar, se e quando você chega.
Gosto de não entender como dois corpos podem conter tanta paz. De como sorrisos (risos, risadas, gargalhadas) conseguem aplacar uma ou outra chatice diária. De como funciona essa entrega, esse presente, essa reciprocidade que constitui todo o meu amor, todo o meu respeito, toda a minha admiração... Pra você.

Só pra você.

Eu gosto de não entender a gente. Porque não precisa entender. Precisa sentir.