Porque já é madrugada e eu deveria estar dormindo, porque amanhã tem trabalho e eu preciso estudar tantas coisas ainda... Mas, eu sei lá o que é. Nunca sei o que é. Tava escolhendo os livros que eu ia comprar, decidi que ia mudar um pouco as minhas leituras, pra ver se o meu comportamento também mudava e... Não é a leitura, não é a falta de sono, nem a falta de tempo... É a falta de você. E de um jeito louco é isso que me mantem nessa rotina, nessa procura.

Porque no outro dia eu te esperei, peguei na sua cintura, alisei o seu cabelo, dei o beijo no canto do seu rosto, trouxe o seu corpo pra perto do meu... Mas você fugiu. Teve a música que não ajudou também, vale lembrar. E eu sou bem tímido, sabe? Tenho esse nome diferente, esse jeito espalhafatoso, esse tom de voz alto, mas aqui dentro mora um outro rapaz que fala baixo, que tem medo, que foge diante de qualquer ameaça... De realidade. E eu até tentei pegar na sua mão e você até apertou... Mas a cena do filme, aquela com a virada e o beijo cinematográfico? Essa não aconteceu. Porque eu sou bem tímido... E eu acho que você também é.

Quantas ironias, no dia seguinte estava eu dizendo para o amigo: é bem simples, se você não convida, a outra pessoa não tem a chance de aceitar. Sem essa de sinais, as pessoas precisam é de palavras inteiras, de frases. Ninguém advinha e nem pressente nada. As pessoas ficam sabendo se a gente abrir a boca e falar. E respondem, mas só quando existe a pergunta.

E eu ainda disse: é bem simples. Que deveríamos todos seguir os próprios conselhos e blá blá blá. Chega dessa conversa. 

Não quero dizer mais nada. Ou quero, mas não aqui. Não desse jeito.

Mas, por via das dúvidas, anote: um dia eu vou estar a toa e você vai estar na mira. Você vai.