É que se fosse um filme ou se fosse a série daquele personagem que volta no tempo, eu acho que te esperaria. E não esperaria sentado. Sentiria todos os sabores da minha vida, com outras histórias, outros amigos, outros ambientes... E te esperaria. E de um jeito fantástico, o universo nos colocaria na mesma rua em uma noite solitária. Ou na mesma praia cheia de gente. E o encontro aconteceria do mesmo jeito.

Eu acho que acredito em destinos determinados, em alinhamento dos planetas, signos ascendentes e infernos astrais, em relações traçadas desde a maternidade... Mas hoje a convicção é a de que nossas atitudes nos encaminharam mais do que qualquer outra coisa. De que somos mais imponderáveis do que qualquer outra coisa. E nada, absolutamente nada que a gente fizesse mudaria as rotas que estamos prestes a seguir. Porque talvez na realidade alternativa em que nossos caminhos se entrelaçam sob o luar e eu te convido com o olhar para fazer parte da minha vida, talvez nessa realidade seja tudo incrível... Mas essa de agora, em que só fazemos nos distanciar... Essa também pode ser? 

E eu queria tanto te esperar. E queria tanto que você viesse. E queria não ser egoísta a ponto de te perder por nada. E queria que você não fosse tão irresponsável naquela aposta. E se fosse num filme, eu acho que daria certo. E a trilha sonora ainda seria aquela... Só que o pretérito dos verbos é sempre o imperfeito e isso deve significar alguma coisa além da gramática.

(Ouço a música e não te encontro, passeio pelo livro e não te encontro, olho para a gaveta vazia e não te encontro, me aqueço no edredom e você também não está lá... Talvez seja porque não haja mais espaço em nossas vidas para a gente.) (Talvez esse espaço sempre estivesse ocupado por coisas que eu não sei se quero escrever)

Páginas viradas sempre vão fazer parte do livro, mas agora a que me interessa é aquela que ainda está em branco.